O que se acompaña en baixo foi publicado en La Región o 24 de decembro:
Chegou o Natal
A maxia do Natal é contaxiosa, sen apenas darnos conta desandamos o tempo e revivimos escenarios, modos, espazos, rituais, falares e cantares da nosa infancia. Recuperamos a intensidade dos recendos e dos sabores da cociña das nosas avoas, tan sabia, equilibrada, completa e dixestiva.
Memoria dos tempos idos, que se fai presente nas nosas historias de vida; eu sigo botando en falta o bacallau cocido coa verza branca e patacas, co refrito de allo e pemento; do polbo a feira; das uvas pasas; dos figos secos; dos fríos intensos; xeadas; neves que duraban semanas e das panxoliñas que lle cantábamos ao neno Deus, no lugar de Vilela da freguesía do Baño de Bande.
Lembro este Natal, dándolle a voz ás nosas e aos nosos poetas, somos uns afortunados, temos tantos e de tanta calidade, que se fai difícil escoller. Quero agradecer a José Martinho Montero, a Pepe Boullosa e Alfonso Blanco, a súa axuda para darlle forma a esta breve escolma.
Manuel María: “Verbas pro tempo do Nadal”
Agora é o tempo do Nadal.
Agora é o tempo de poner
en pé o noso amor
e percurar a Estrela
que nos alume sempre o corazón.
Agora é o tempo do Nadal
O tempo da neve
e mais o da canción
¡Agora é o tempo
de encender pra sempre o noso amor!
Ricardo Carvalho Calero: “Natal”
O Neno Jesus nas palhas
é um sol com raiolas de ouro.
A estrela que veu de Oriente
baixa a bicá-lo nos olhos.
Ai, quem viu cousa parelha:
que o sol alume na noite?
As estrelinhas murchecem
ao brilhar da sua fronte.
Deus meninho, Deus meninho,
o teu abrente hoje é.
Na terra a tua mãe alegra-se,
no céu o teu Pai também.
As luzes de festa acende
Jesus no céu e na terra.
A Nossa Senhora veste
o manto azul com estrelas.
Ernesto Guerra da Cal: “Sagrada Família marinheira”
Dois anjinhos marinheiros
ajudam a São José,
grão-calafate do céu.
Nossa Senhora da Barca
tinha de ir à sua romagem.
A barca estava rachada!
O neno Jesus brincava
sentado numa pedrinha
a fazer papas de lama.
São José disse: «– Maria,
isso é uma coisa de nada:
isso eu o componho aginha».
Duas sereias de prata
desassossegam na espera
para jungirem-se à barca.
Xosé Díaz Xácome: “Ai, Dios canto Amor”
“Ai, Dios canto amor!
Nun berce de palla
naceu el Señor…”
“Nun berce de palla
naciches para nós,
folerpa de gloria,
froliña de amor…”
Manuel-Luís Acunha “Nadal”
Uma, duas, vinte, cem
estrelas estrelecidas
na noite em luz de Belém.
Uma, duas, vinte, cem...
Os anjos, canta que canta;
os pastores, as pastoras,
canta que canta também:
“Glória a Deus que nasceu pobre,
e paz pra os homens de bem!”
Uma, duas, vinte, cem...
Canta que canta que canta
na noite em luz de Belém:
“Glória a Deus que nasceu pobre,
e pra os homens de bem!”
Sebastião Martínez Risco: “Nadalinha”
Uma pombinha ferida
foi ao portal a parar,
e ao ver no colo brilhar
da Virgem o sol da vida,
da sua dor esquecida
rompeu a arrolar tão leda
como quando na arvoreda
o dia vinha luzir.
(O neno deu em sorrir
e a mãe mirava-o, queda...).
Pura Vázquez: “O Deus pobrinho”
Panos de ingelas pontilhas
e savãs de linho quero,
para envolver o pobrinho
neno bonito do céu.
Ai, que doce, que pequeno
este amor dos meus amores!;
ponde-lhe no berce duro
ternuras de beijo e flores!
Ponde-lhe lã da mais fina
na têpeda cabeceira,
e alegrai-lhe a Noite Boa
com gaitas e pandeiretas!
Fazei-me doce regaço,
Senhor, pra este pequeninho!;
pra que possa cobijá-lo
fazei-me flor, pluma e ninho!
Vinde todos, vinde aginha,
romeiros dos mil caminhos:
a estrela aluma em Belém
o Deus de azuis olhinhos.
Dora Vázquez: “Meu caravelinho”
Coitado, coitado,
meu caravelinho!,
nasceste nas palhas,
não houve outro ninho...
Rengia a geada
em cristais de frio,
e o teu tenro corpo
estava espidinho.
Por que, sendo rei,
nasceste pobrinho?
Coitado, coitado,
meu caravelinho!.
Como Tu me dóis
a mim, meu rulinho,
que também de palhas
te tive o meu ninho!
Celso Emílio Ferreiro: “Baixo os telhados da noite”
Baixo os telhados da noite
cavalgam os três Reis Magos.
Uma estrela pequeninha
vai-lhes as vias marcando,
e o vento marcha por diante
para avisar ao bem nado.
Baixo os telhados da noite
cavalgam os três Reis Magos.
No lusco-fusco da alva
rechouchiam os paxaros.
A Virgem arrola o neno,
o boi quenta-o co seu bafo.
Baixo os telhados da noite
cavalgam os três Reis Magos.
Pombas com azas de neve
vão-se na rua pousando.
Nos seus cavalos da lua
já chegam os três Reis Magos.
Baixo os telhados da noite
cavalgam os três Reis Magos.
Júlio Sigüenza: “Alá vem”
Alá vem o vento
pola noite fria:
alá vem o vento
cantar-lhe a Maria.
Alá vem a lua,
jeitosa de luz:
alá vem a lua
cantar-lhe a Jesus.
Alá vem a névoa,
ligeira de pé:
alá vem a névoa
cantar-lhe a José.
Xosé Díaz Xácome: “Agasallo a Virxen e ó Neno”
“Un doce agarimo
a brincar no ceo:
A Virxen sorindo
anainaba ó Neno
Na frol do mencer
o gozo máis ledo:
A Virxem cantando
para adomecelo
Mollada da lúa
frolía un recendo:
A Virxen, soñando,
bicaba ó pequeno
José-Martinho Montero Santalha: “Ternura do Natal”
Manuel Rivero
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