20241229

Chegou o Natal. Manuel Rivero

    O que se acompaña en baixo foi publicado en La Región o 24 de decembro:

Chegou o Natal

A maxia do Natal é contaxiosa, sen apenas darnos conta desandamos o tempo e revivimos escenarios, modos, espazos, rituais, falares e cantares da nosa infancia. Recuperamos a intensidade dos recendos e dos sabores da cociña das nosas avoas, tan sabia, equilibrada,  completa e dixestiva.
Memoria dos tempos idos, que se fai  presente nas nosas historias de vida; eu sigo botando en falta o bacallau cocido coa verza branca e patacas, co refrito de allo e pemento;  do polbo a feira; das uvas pasas; dos figos secos; dos fríos intensos;  xeadas;  neves que duraban semanas  e  das panxoliñas que lle cantábamos ao neno Deus, no lugar de Vilela da freguesía do Baño de Bande.
Lembro este Natal, dándolle a voz ás nosas e aos nosos poetas, somos uns afortunados, temos tantos e de tanta calidade, que se fai difícil escoller. Quero agradecer a José Martinho Montero, a Pepe Boullosa e Alfonso Blanco, a súa axuda para darlle forma a esta breve escolma.

Manuel María: “Verbas pro tempo do Nadal”

Agora é o tempo do Nadal.
Agora é o tempo de poner
en pé o noso amor
e percurar a Estrela
que nos alume sempre o corazón.

Agora é o tempo do Nadal
O tempo da neve
e mais o da canción
¡Agora é o tempo
de encender pra sempre o noso amor!


Ricardo Carvalho Calero: “Natal”

O Neno Jesus nas palhas
é um sol com raiolas de ouro.
A estrela que veu de Oriente
baixa a bicá-lo nos olhos.

Ai, quem viu cousa parelha:
que o sol alume na noite?
As estrelinhas murchecem
ao brilhar da sua fronte.

Deus meninho, Deus meninho,
o teu abrente hoje é.
Na terra a tua mãe alegra-se,
no céu o teu Pai também.

As luzes de festa acende
Jesus no céu e na terra.
A Nossa Senhora veste
o manto azul com estrelas.


Ernesto Guerra da Cal: “Sagrada Família marinheira”

Dois anjinhos marinheiros
ajudam a São José,
grão-calafate do céu.
Nossa Senhora da Barca
tinha de ir à sua romagem.
A barca estava rachada!

O neno Jesus brincava
sentado numa pedrinha
a fazer papas de lama.

São José disse: «– Maria,
isso é uma coisa de nada:
isso eu o componho aginha».

Duas sereias de prata
desassossegam na espera
para jungirem-se à barca.


Xosé Díaz Xácome: “Ai, Dios canto Amor”


“Ai, Dios canto amor!
Nun berce de palla
naceu el Señor…”

“Nun berce de palla
naciches para nós,
folerpa de gloria,
froliña de amor…”



Manuel-Luís Acunha “Nadal”

Uma, duas, vinte, cem
estrelas estrelecidas
na noite em luz de Belém.
Uma, duas, vinte, cem...

Os anjos, canta que canta;
os pastores, as pastoras,
canta que canta também:
“Glória a Deus que nasceu pobre,
e paz pra os homens de bem!”

Uma, duas, vinte, cem...
Canta que canta que canta
na noite em luz de Belém:
“Glória a Deus que nasceu pobre,
e pra  os homens de bem!”


Sebastião Martínez Risco: “Nadalinha”

Uma pombinha ferida
foi ao portal a parar,
e ao ver no colo brilhar
da Virgem o sol da vida,
da sua dor esquecida

rompeu a arrolar tão leda
como quando na arvoreda
o dia vinha luzir.
(O neno deu em sorrir
e a mãe mirava-o, queda...).


Pura Vázquez: “O Deus pobrinho”

Panos de ingelas pontilhas
e savãs de linho quero,
para envolver o pobrinho
neno bonito do céu.

Ai, que doce, que pequeno
este amor dos meus amores!;
ponde-lhe no berce duro
ternuras de beijo e flores!

Ponde-lhe lã da mais fina
na têpeda cabeceira,
e alegrai-lhe a Noite Boa
com gaitas e pandeiretas!

Fazei-me doce regaço,
Senhor, pra este pequeninho!;
pra que possa cobijá-lo
fazei-me flor, pluma e ninho!

Vinde todos, vinde aginha,
romeiros dos mil caminhos:
a estrela aluma em Belém
o Deus de azuis olhinhos.


Dora Vázquez: “Meu caravelinho”

Coitado, coitado,
meu caravelinho!,
nasceste nas palhas,
não houve outro ninho...

Rengia a geada
em cristais de frio,
e o teu tenro corpo
estava espidinho.

Por que, sendo rei,
nasceste pobrinho?
Coitado, coitado,
meu caravelinho!.

Como Tu me dóis
a mim, meu rulinho,
que também de palhas
te tive o meu ninho!


Celso Emílio Ferreiro: “Baixo os telhados da noite”

Baixo os telhados da noite
cavalgam os três Reis Magos.

Uma estrela pequeninha
vai-lhes as vias marcando,
e o vento marcha por diante
para avisar ao bem nado.

Baixo os telhados da noite
cavalgam os três Reis Magos.

No lusco-fusco da alva
rechouchiam os paxaros.
A Virgem arrola o neno,
o boi quenta-o co seu bafo.

Baixo os telhados da noite
cavalgam os três Reis Magos.

Pombas com azas de neve
vão-se na rua pousando.
Nos seus cavalos da lua
já chegam os três Reis Magos.

Baixo os telhados da noite
cavalgam os três Reis Magos.


Júlio Sigüenza: “Alá vem”

Alá vem o vento
pola noite fria:
alá vem o vento
cantar-lhe a Maria.

Alá vem a lua,
jeitosa de luz:
alá vem a lua
cantar-lhe a Jesus.

Alá vem a névoa,
ligeira de pé:
alá vem a névoa
cantar-lhe a José.


Xosé Díaz Xácome: “Agasallo a Virxen e ó Neno”


“Un doce agarimo
a brincar no ceo:
A Virxen sorindo
anainaba ó Neno

Na frol do mencer
o gozo máis ledo:
A Virxem cantando
para adomecelo

Mollada da lúa
frolía un recendo:
A Virxen, soñando,
bicaba ó pequeno



José-Martinho Montero Santalha: “Ternura do Natal”

Que a quente ternura   do santo Natal
afaste as tristezas   e todo outro mal.

Que o neno Jesus   que nasce em Belém
nos traga esperança   e colme de bem.

Que o santo José   e a Virgem Maria
nos encham a casa   de paz e alegria.

E que o novo ano   venha com bondade,
e renove a fé  e a felicidade.


Manuel Rivero

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